alguém deixou uma alcofa, com uma recém-nascida, no meio da floresta, no trecho habitual dos lenhadores, já de regresso à aldeia. a bebé tiritava de fome e frio. entregaram o berço ao lenhador mais jovem, ainda aprendiz, e célere e ele voou para casa. não havia tempo a perder.
as mulheres cuidaram dela com esmero. o seu leito era de fina flor. alguma bastarda. agora seria amada como filha de sangue e este seria o segredo de todos os envolvidos no seu resgate. havia um casal que tinha perdido o bebé no parto e a jovem tinha leite para amamentar a menina e um quarto para a receber.
no dia seguinte baptizaram-na e deram-lhe o nome de Vitória. era uma bebé calma e sorridente, excepto quando tinha fome. aí o seu choro ouvia-se por todo o lado. frio nunca mais teve na vida. os pais eram novos e o trabalho escasseava por aqueles lados.
como todos os jovens, tiveram de imigrar para a cidade grande. tiveram sucesso. a mãe como modista e o pai como carpinteiro. e Vitória frequentou a escola e ensinou os pais a ler e a escrever. teve aulas de piano e tornou-se famosa. acabando por se tornar a sua mestria que a fez viajar pelo mundo inteiro.
texto escrito no âmbito do Desafio de Escrita do Triptofano.
MAIS PARTICIPANTES
Ana do Green Ideas
Maria Araújo
Marta - o Meu Canto
Triptofano