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© busy as a bee on a rainy day

e se, de repente, o respondemos a um how are you e só nós pescámos a piada (as abelhas não voam quando chove) e vêmos que é um título fantástico para um blogue! pois.. cá estou então!

28
Fev20

desafio de escrita dos pássaros 2.5 | querido diário |

Ana de Deus

desafio dos pássaros

 

TEMA: ACORDAS E TUDO O QUE MAIS DESEJAVAS REALIZOU-SE: CONTA-NOS O TEU DIA.

querido diário,

nem imaginas o que aconteceu! a minha médica diz que é um caso raríssimo. um milagre, digo eu! estou curada! já não preciso de medicação para nada. tenho casa própria e rendimentos em barda. hoje recebi o meu Jaguar Project 7 personalizado. ando na melhor clínica do mundo a cicatrizar o meu corpo. tenho um personal trainer que me incentiva todos os dias e já perdi toda a gordura visceral. já posso viajar para onde quiser, quanto tempo quiser. a saúde da minha mãe melhorou, deixou de ter dores e é feliz. contratei-lhe um mordomo credenciado, que também cozinha e é o seu motorista particular. finalmente tenho silêncio quando quero, faço questão de ter isolamento acústico em toda a minha casa. é indescritível o quão grata me sinto.

26
Fev20

abrindo um pouco o véu..

Ana de Deus

levantar do véu

TEMA SUGERIDO PELA LUÍSA DE SOUSA

no início do blogue eu partilhei que tenho uma desordem esquizoafectiva e, em dois mil e dezoito, tínhamos encontrado a receita certa de medicamentos para eu estar estável e feliz. estava a sentir-me tão bem que, no ano passado, tanto a minha médica quanto eu concordámos em fazer o desmame do ansiolítico e de um dos anti-depressivos. e não correu nada bem. hoje a conversar com as minhas irmãs percebi que voltei a perder a confiança no meu corpo. e com uma psicose a solução é manter a medicação e dar tempo ao tempo. só que leva tanto tempo!

06
Ago19

o que aprendi no primeiro semestre deste ano: o encantamento

Ana de Deus

quando escrevi à minha médica, em janeiro, já estávamos a fazer o desmame do ansiolítico e as dosagens estavam tão em sintonia com o meu estado de espírito que eu queria acreditar que os medicamentos estavam a mais na minha rotina. então parei com o ansiolítico de todo e com um dos anti-depressivos à bruta. resultado: parecia o speedy gonzález a falar. só por uns dias. pois aprendi a lição. e agora sou eu quem não tem pressa. já reduzimos um dos anti-depressivos e o objectivo este ano é fazer um desmame bem feito do ansiolítico. mas aquela sensação que eu tinha de que estaria bem sem medicação é agora ténue e isso deixa-me triste.

05
Ago19

escrito e sentido em janeiro: o encantamento

Ana de Deus

those who know the why for their existence
will be able to bear almost any how.

 

desde que adoeci que deixei de ter certezas. move-me a crença de que tudo tem um propósito.. na última década, houve tempos em que senti-me deveras perdida. o sentimento de que sou abençoada resgatou-me, a pouco e pouco, do desencanto.

no entanto, não tenho um 'porquê' consciente. não corro para uma meta pré-definida. não sei se estou apta a lidar com qualquer cenário. tenho fé que a Vida cuida sempre. deixei de sentir-me doente (apesar de ser uma referência temporal).

é isso que me traz hoje aqui, doutora. este ano, gostava de saber se ainda preciso desta medicação. é o passo seguinte para mim. o primeiro passo foi começar a gerir a minha alimentação de novo. agora eu canto e danço só porque sim.

sem pressa. curiosamente, desde que começámos a reduzir o ansiolítico que tenho mais sono à noite. mas ainda é prematuro, ainda tenho o corpo ensopado destes anos todos do medicamento. e eu sei que ainda estou a tomar uma dose confortável.

com a vossa supervisão, quero saber se estou apta a lidar com qualquer cenário. boa! afinal tenho uma meta para este ano! sim, é verdade, o pormenor de estar a perder peso e estar a investir em cuidados pessoais aumenta a minha auto-confiança.

(amanhã escrevo o que aprendi no primeiro semestre deste ano)

02
Ago19

o que mudou com a desordem esquisitó afectiva

Ana de Deus

em dois mil e oito, passei dos quarenta e cinco quilos para os mais de cem em três meses. passei a desconhecer o meu corpo. um dia baixei-me de cócoras, para pôr comida à gata, e cai para trás devido ao excesso de peso. mas tudo começou quando na minha cabeça eu sentia-me literalmente a partir em duas. sentia-me a enlouquecer. durante quase uma década ninguém sabia ao certo o que se passava comigo. e entretanto, dos cem, já tinha perdido trinta quilos mas houve uma médica temporária que mexeu na medicação e eu engordei novamente. só há dois anos é que a minha médica actual avançou com o prognóstico: desordem esquizoafectiva. confesso que senti-me tão leve por finalmente ter um nome para o boi. estou aqui hoje porque, há onze anos, a minha mãe me resgatou. e porque boas pessoas têm cuidado de mim. a parte mais difícil foi aceitar estar sempre medicada. ter tiques nervosos. não passar noites sozinha. estar reformada por invalidez absoluta. o que mudou na minha vida além da solidão? há dias em que não sou capaz de sair de casa. a vida acontece mais depressa do que a consigo processar. é difícil para mim discernir o que sinto, se não tiver tempo em silêncio. não quer dizer que seja reservada, quer dizer que preciso de mais tempo sozinha do que a maioria das pessoas. 

27
Jul19

vivendo com uma desordem esquizoafectiva

Ana de Deus

há onze anos que não passava uma noite sozinha. estou habituada a passar tardes sozinha. a deitar-me sem ninguém em casa, mas com a certeza que vêm de madrugada. por isso estive bem até o dia anoitecer. depois a minha mente começou a adrenar. reforcei a medicação com os comprimidos SOS e deitei-me pelas oito de noite. mas desde então que não tenho conseguido descansar de noite. fiquei descompensada, apesar de já não estar tão sozinha. comecei a acordar várias vezes durante a noite, só dormi bem uma vez esta semana. sem sonhos ou ideias absurdas. mas estou tão cansada que hoje estou grumpy e sem vontade de sair de casa. e é dia de brunch profissional. é suposto irmos à Baixa. só tive noites turbulentas quando comecei a adoecer e sentia-me desprotegida. e a semelhança assusta-me. 

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