o que a Paz significa para a Gaivota Azul
Durante muito tempo, procurara por ela. Precisava de a encontrar, desesperadamente.
Não saber se a encontraria, tão pouco por onde começar a procura, angustiava-a.
Por vezes sentia-se prestes a desistir, vencida pelo cansaço e pelo desânimo. Mas era nesse lusco-fusco, em que dia e noite se fundem e confundem, que a encontrava.
Sentia-a quando os primeiros raios da manhã a inundavam de luz. Sentia-a quando abria a janela de par em par e o fresco da manhã lhe trazia o beijo da brisa marítima. Sentia-a quando, de ouvido encostado à areia escaldante da praia, ouvia o respirar da terra.
Via-a no imenso céu azul onde cabiam os sonhos e as orações. Via-a na força da rebentação e na calmia da maré. Via-a nas asas abertas que cruzavam os céus. E via-a na luz do Sol e do luar.
Ouvia-a nas melodias que escutava, nos trinados dos pássaros que nos ramos das árvores cantavam, e no riso das crianças que por ela passavam. Ouvia-a nas vozes devotas dos que amava, e nas trovoadas que o silêncio da noite rasgavam. Também a ouvia aí, no Silêncio.
Saboreava-a de todas as vezes, ainda que com diferentes intensidades. Nem sempre lhe dava o devido valor. Como em tudo na vida, por vezes só quando a perdemos… E então retomava a sua busca apenas para a encontrar dentro de si.
Tinha-se instalado de mansinho à medida que as vozes e ruídos diminuíam e as vivências do dia ficavam para trás. Tinha-se enroscado nas linhas curvas que a caneta que segurava nas mãos desenhara.
O que tanto procurara, A Paz, estava finalmente Aqui!
AUTORIA: GaivotAzul