o Ministério do Rocambolesco - Capítulo XVI
o mi.nis.té.rio do ro.cam.bo.les.co
Sparrow notou algo no tom de Alice, como quem se esquece que estava a rir e a voz fica suspensa. "diz" - "gostava de rever a parte do funeral dos meus pais em que pude conversar com a minha família" - Lady acedeu e surpreendeu-a: "vamos pelo elevador, para perturbarmos o menos possível o banho de Beaver." era um elevador todo em madeira, espaçoso e com bancos como o elevador de Stª Justa, em Lisboa. quando passaram pelo apartamento de Sir este gritou: "Sparrow?" e esta respondeu: "vamos para o sótão!" - a amiga acrescentou: "não valeu de nada a discrição" e sorriram uma à outra, divertidas. a princesa confessou: "adoro este elevador!" Lady concordou e piscou-lhe o olho: "há outro igual do outro lado da casa!" Alice ficou radiante e disse: "que bom que restauraram estas preciosidades." chegadas ao sótão, a princesa acendeu a lareira enquanto Lady preparava o ecrã e procurava a parte em que a família se reunira. Alice sentou-se com um bloco de notas e um lápis. "o que procuras nestas filmagens!" surpreendeu-se a amiga. "o assassino dos meus pais" escreveu a princesa numa folha que fez questão de arder nas labaredas até quase queimar os dedos. sentou-se de pernas cruzadas na chaise longue, pousou o bloco e o lápis e ficou como hipnotizada, observando as reações de todos os que surgiam nas imagens. Sir veio juntar-se a elas no sótão e percebeu logo o que se passava. sentou-se no chão virado para Alice, enquanto comia o seu almoço tardiu, ela nem reagiu e ele escreveu no bloco: "Richard e Owl estão em perigo?" a princesa olhou-o nos olhos e ambos perceberam que o outro já sabia quem era o assassino. ela escreveu no bloco: "não. se não fizermos nada até eles voltarem" e disse em voz alta: "vou pedir ao meu irmão para presentear Luke, o meu antigo guarda-costas, com uma bolsa para vir estudar em Inglaterra, ele vai adorar e merece-o sem sombra de dúvida!" dez minutos mais tarde tocou o telefone, Sir puxou a chamada para o sótão e era o irmão da jovem a sugerir-lhe o que ela acabara de dizer. ela sorria de pura alegria e agradeceu radiante pelo gesto magnânimo do rei. "digno de um óscar!" rabiscou Beaver quando ela desligou. a princesa chorava em silêncio. "devo ter uma escuta comigo!" escreveu. tirou o pingente que tinha ao pescoço. pousou, no granito da lareira, o anel com um diamante generoso que o irmão lhe oferecera quando ela celebrara a maioridade. colocou o pingente na pedra e pisou-o com força, estilhaçando-o. de imediato o diamante explodiu e ficaram sem sinal wifi em toda a casa. houve alarmes, dos carros estacionados na rua, que começaram a tocar. "fizeste reset de tudo!?" espantou-se Sir. Alice confirmou dizendo que sim com a cabeça e acrescentou: "vamos para a cozinha, vai haver um apagão num raio de dez quilómetros." Sparrow explicou-lhe que de momento era impossível: "não temos acesso a nada até o restart da casa terminar. é uma verdadeira caixa forte, ninguém entra e ninguém sai. temos a luz da lareira e marshmallows." a princesa exclamou: "e Jeremias!?" Sir acalmou-a: "ele andava a miar na cozinha, quando fui buscar sopa, e trouxe-o comigo." aliviada, Alice recebeu o gato nos braços e ele começou logo a ronronar.
texto no âmbito do desafio o Ministério do Rocambolesco
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