in memoriam - hoje a minha princesa morreu
celebraria 18 anos de vida no dia 28 deste mês
choveu, pouco antes de saírmos de casa para a levar à veterinária. o dia estava ameno. há dois dias que ela tinha a respiração acelerada. há alguns meses que tinha uma massa nas maminhas. eu tinha decidido que com dezoito anos não a sujeitaria a uma operação, cuja cicatrização lhe tiraria a força de viver. a médica queria enviá-la para outra clínica para saber se tinha pneumonia ou se a massa que tinha nas maminhas tinha chegado aos pulmões. eu recusei, pois não me deixavam ir com ela. quando ela era bebé eu prometi-lhe que não a abandonaria e pedi-lhe para ela viver até aos meus cinquenta anos. ambas cumprimos o acordo. as maminhas estavam a abrir ferida. antes de sair de casa disse à minha mãe: ou ela volta connosco ou vai para o céu. a médica disse que eu tinha dado uma prova de amor altruísta, pois a deixei ir antes dela sofrer. deram-lhe um sedativo para ela dormir e só depois raparam o pêlo e instalaram o cateter. ela adormeceu com a pontinha da linguinha de fora, como quando eles sentem mimo. e partiu. eu abracei-a, escolhi forrar a transportadora com a camisola do meu pijama, para ela sentir o meu cheiro e deixei o corpo enrolado na minha roupa.