Desafio de Escrita 2024 | Um Conto a 12 Meses
máximo 200 palavras
duração: 2024 inteirinho
participar por iniciativa própria
ou nomeades por outro blogger
incluir link a este blog no vosso post para vos encontrar
respeitar o enredo que estiver a ser criado
podem participar mais do que uma vez,
mas a participação não pode ser consecutiva
lembrem-se: máximo 200 palavras. eis UM CONTADOR DE PALAVRAS
que bom! há muito que estava à tua espera, diz a velhinha.
fiquei estupefacte. ela riu! conheço as tuas cores, explicou. ofereço-te um ano novo para criares a teu belo prazer. deixa o mundo nos noticiários, aqui usa a fantasia. imagina coisas belas e positivas. se isso for difícil, conversa com a tua criança interior. conta-lhe o que estás a sentir.
porque é que nos ofereces um ano novo inteirinho?
porque eu sou o ano velho e gostava que reunissem o máximo de pessoas para criarem um espaço em que o ano novo é positivo e feliz. pode parecer insignificante, acredita que não é. vai fazer diferença na consciência colectiva. vão ouvir o coração.
era uma vez uma floresta de plátanos anciões. no verão a sombra era fresca. havia sempre uma aragem. as folhas e os ramos agitavam-se de alegria, celebrando-nos. das dezenas de ninhos das pombas caía a penugem dos bebés, lembrando asas de anjos.
andava a passear lentamente quando a velhinha caminhou ao meu lado e entregou-me um cristal dourado com o brilho brincalhão do olhar do ano novo. sorrimo-nos mutuamente. era o ano velho que vinha descansar no espírito das árvores.
JOÃO-AFONSO MACHADO
10 Janeiro 2024
O Ano Velho sentou cansado sob a coberta de uma cameleira. Muito consciente, o seu tempo chegara ao fim, assim confortado na humidade verde. E fria! - algo já não ferindo os seus ossos. Enquanto o Ano Novo bosquejava por ali, solto em grande fulgor. (Os Anos são a única dinastia que até ao fim do mundo reinará sempre...)
Acomodado, imune aos rigores de Janeiro, de predestinado repouso, o Ano Velho assistia resignadamente ao quebrar das suas pálpebras, era o que era, como veio como iria. E nesse sereno declínio ouviu ainda o gorjeio de um pisco em ramagem próxima das camélias da sua derradeira visão. Por um instante reagiu à sonolência.
Sorriu-lhe aquela coloração dos poentes da sua meia-idade, que falava cantando: - Sossega Ano Velho. Goza a memória tua, o legado que deixaste ao rapaz. E alegra-te com a alegria que dele transborda.
O jardim confirmava. O Ano Novo saltava de canteiro em canteiro, brincava forçando os dedos nos picos das roseiras podadas. Estacou na espessura dos arbustos onde as toutinegras melodiavam sem parança. No fontenário regou-se para uma vida toda, a sua. O tempo lhe diria acerca dos sucessivos estágios dela.
Era talvez a primeira manhã. Fria mas solarenga. No ar, as pombas do pombal, casa certa, parceiras do seu ciclo. Restava-lhe cumprir o trajecto dos segundos aos semestres. Contudo, antes de o iniciar, não esqueceu alisar as alvas longas barbas do Ano Velho, que para sempre dormia já.
JOSÉ SILVA COSTA
15 Janeiro 2024
O moço, irreverente, disse adeus ao velho de barbas brancas
Saltou de contente, por ver tanta gente a ovacioná-lo, a dizer Bem-vindo, Feliz Ano Novo, Próspero Ano Novo, Bom 2024, e enquanto isto, beijavam-se, abraçavam-se, bebiam champanhe, comiam passas, acompanhadas pelos seus desejos
Estavam muito felizes, como se ele fosse o salvador, como se tivesse poder para satisfazer todos os seus pedidos, todos os seus desejos, ouviam música, continuavam a rejubilar com o fogo-de-artifício, dançavam.
O jovem moço estava atónico com tanta alegria, com tanta esperança, mas não podia perder mais tempo, tinha os dias contados, não sabia como satisfazer o que tinham pedido ao comerem as passas
Estava tão cansado e preocupado, que decidiu descansar, deitou-se junto a uma florida cameleira, um rouxinol cantou uma bonita melodia, quando acordou, já o sol beijava o Ano Novo e o seu primeiro dia
O frio estava a chegar, no início era sempre assim: ou chovia ou fazia frio. O que fazia com que toda a gente ficasse muito contente
Ainda puxou pela cabeça, numa tentativa mágica, para descobrir uma maneira de que todos os dias fossem de festa e alegria, Mas não lhe ocorreu nada. Um bom ano!
DESAFIO O ILUSIONISTA JOSÉ DA XÃ
já conhecem os Felícios? hilariante!
JOSÉ DA XÃ
19 Janeiro 2024O jovem Ano Novo dormia após uma noite de alegria. Ainda chegou a tempo de alisar as alvas longas barbas do Ano Velho, que para sempre dormia já e por isso não lhe colocou a questão que tanto o atormentava agora que era o Ano mais novo: como é envelhecer em 366 dias?
Uma voz entrou na sua cabeça zoando:
- Tu até tens sorte vives mais um dia que os outros…
- Quem está aí?
A voz respondeu com uma invulgar doçura:
- Estarás a falar de mim?
- Sim esta conversa… eu estou a escutá-la dentro de mim…
Pela primeira vez o Ano Novo teve medo. As mãos suaram, a pele eriçara-se, o coração batera acelerado.
- Não temas que eu não te farei mal. Só quero o teu bem…
O ainda infante Ano Novo acalmou por fim, mas não se sentia ainda descansado e por isso decidiu:
- Vou procurar espalhar todos os dias uma semente de vida recheada de ternura, compaixão e alegria, pelos céus do Universo.
Na manhã seguinte todo o Mundo se admirou com o que caía do céu… Não era neve, nem folhas secas das árvores, nem algodão… apenas singelos laivos de esperança!
(CONTINUA..)