desafio caixa de lápis de cor - dia 10: verde claro
o verde claro são salpicos de cloreto de sódio que caem na aguarela. em pinceladas circulares misturo-os com o verde escuro. têm um efeito de que ninguém a não ser eu e a gata sabe a causa. quando alguém mais perspicaz pergunta se são lágrimas, respondo que é chuva. vêm então os mais audazes dissertar sobre a diferença entre o efeito do cloreto de sódio e o do hidrogénio na tinta. o primeiro cria ínfimos cristais, enquanto o segundo borbulha. por falar em borbulhar, evado-me para o bar da galeria e peço mais uma flute de champanhe. chérie, tem cada vez menos paciência para os seus adoradores, diz o bartender. é um homem sem idade, conhece-me desde quando vendi o meu primeiro quadro. há décadas. são um bando de bajuladores sem tesão. vêm embebedar-se à borla. os verdadeiros apreciadores enviam peritos e é com esses que o meu agente alimenta a minha conta bancária. ele suspira e diz: o teu maior admirador sou eu chérie. nem eu imagino que é ele que colecciona o espólio das minhas lágrimas. em ti acredito, digo, sem a mínima noção.
texto no âmbito do desafio caixa de lápis de cor.
Neste desafio participo eu, a Concha, a A 3ª Face, a Maria Araújo, a Peixe Frito, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Maria, a Ana D. a Célia,
a Charneca Em Flor, a Miss Lollipop, a Ana Mestre, a Fátima Bento, a Cristina Aveiro, a bii yue, o José da Xã, o João-Afonso Machado e a Marquesa de Marvila.