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© busy as a bee on a rainy day

e se, de repente, o respondemos a um how are you e só nós pescámos a piada (as abelhas não voam quando chove) e vêmos que é um título fantástico para um blogue! pois.. cá estou então!

27
Set24

As Três Meninas e Outros Poemas

Ana a Abelha

... CONTINUAÇÃO

A MENINA DAS MÃOS LINDAS

Ali no jardim sozinha,
Ali no jardim sentada,
Na tarde triste e escura
A menina das mãos lindas
Não vê nada do que a cerca.
Nem olha o lago de pedra
Que há no meio do jardim,
Nem ouve o cantar das aves
No cimo das verdes árvores,
Nem escuta o grande choro
Que o miudinho da rua
Grita parado na esquina
Porque a irmã lhe bateu ...
A menina das mãos lindas,
As mãos cruzadas no colo
E o olhar fito no nada,
Está tão triste como a tarde
Que as nuvens escureceram;
Está tão triste como as rosas
Lá do jardim pequenino
Que ninguém veio cheirar.
A menina das mãos lindas
Com seu vestido azulado,
Com seus cabelos castanhos
Que lhe caem sobre os ombros,
Ali no jardim sozinha
Pensa em seu sonho desfeito,
Em seu amor acabado.
Esse seu amor tão grande
De que o jardim tristonho
Fora tanta vez cenário ...
A menina das mãos lindas
Lembra os beijos que lhe deu
O seu jovem namorado
Lembra os felizes momentos
Que ali passaram os dois
E que já se não repetem
Porque o noivado findou!
A menina das mãos lindas,
Mãos que às dele se juntavam
Em outras tardes felizes,
Está com um peso na garganta
Que quer vir até aos olhos
Ao recordar os bons tempos
Da sua vida passada!
Agora ela quer morrer,
Quer morrer com o amor
Que ainda sente por ele,
Que já não vem ter com ela ...
Que já lhe não vem falar ...
A menina das mãos lindas
Levanta-se e vai p'ra casa
P'ra chorar mais à vontade ...

António Rebordão Navarro (19 anos de vida)
(1ª edição - Edições Augusto Navarro, 1952)

CONTINUA ...

20
Set24

As Três Meninas e Outros Poemas

Ana a Abelha

A MENINA PÓ DE ARROZ

A menina pó de arroz,
Nascida à beira do mar
Com o oceano nos olhos
E com sorrisos de lua
Nos seus lábios pequeninos
Que nunca ninguém beijou,
A menina pó de arroz, 
Com seus cabelos de cobre
Onde o vento vem brincar,
Assoma à sua janela
P'ra ver a noite estrelada,
Para ouvir os sons da noite,
Para beber o luar.
Para ter em suas mãos
Macias, longas e brancas,
A noite tépida e branda,
A velha noite calada.
A menina pó de arroz,
Que por uma abreviatura
Do seu nome arrevesado
É chamada entre família
Por um nome miudinho
De marca de pó de arroz,
Com seu corpinho de fada
Que saiu de alguma fonte
Que há pouco perdeu o encanto,
Com a cabeça nas mãos,
Enquanto na casa dormem,
Veio pôr-se na janela
Para que a noite a beijasse.

A menina pó de arroz
Estará enamorada?

António Rebordão Navarro (19 anos de vida)
(1ª edição - Edições Augusto Navarro, 1952)

CONTINUA ...

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