e se, de repente, o respondemos a um how are you e só nós pescámos a piada (as abelhas não voam quando chove) e vêmos que é um título fantástico para um blogue! pois.. cá estou então!
(continuação) o quarto dia em Nova Iorque foi mais caseiro. Francisca e David conseguiram inscrever-se na ambicionada maratona de Nova Iorque, que este ano se realiza a 7 de Novembro. a comemoração dos 50 Anos da Maratona ficou adiada para 2021 por causa da pandemia. a maratona de Nova Iorque é uma das provas mais desejadas do mundo e este ano tem o número de participantes reduzido a trinta e três mil corredores que vão tomar as ruas da cidade como fazem todos os anos. é impossível não nos emocionarmos com a largada da prova em Staten Island com o tiro de canhão ao som do clássico "New York, New York". uma maratona são 42,195 quilómetros que Francisca e David completam em cerca de três horas. hoje optaram por treinar no ginásio dos anfitriões.
no sábado de manhã, véspera da maratona, a organização promove uma corrida de confraternização de cinco quilómetros. que percorre a 47th Street com a 1st Avenue, passa pela 42nd Street, Grand Central e a Biblioteca de Nova Iorque. depois segue pela 6th Avenue em direção ao Central Park, cruzando a tão esperada linha de chegada da verdadeira prova no dia seguinte. a maratona de Nova Iorque passa por cinco distritos da cidade que incluem Brooklyn, Queens, Bronx, Manhattan e Staten Island. e também continua sendo detentora de um dos percursos mais difíceis entre as Majors. com uma chegada pesada no Central Park e alguns trechos que enganam a subida, é um desafio do início ao fim. a multidão que toma conta das ruas dá um apoio imprescindível ao longo do percurso.
o céu estava azul apesar das baixas temperaturas. após o treino e um banho cheio de espuma perfumada, Francisca e David estavam preparados para uma caminhada por Central Park, onde conheceram a Fátima Mano. ela ouviu-os falar português e não resistiu a entrar na conversa. estava entre os artistas de rua a desenhar caricaturas dos clientes. o jovem casal ficou a vê-la trabalhar e propôs uma caricatura dos dois. a compatriota aceitou o desafio e tiveram os três uma meia-hora de conversa, enquanto Fátima os desenhava. no final Francisca notou que esta também vendia postais das suas pinturas e escolheu a foto de "40 Anos" que a conterrânea explicou que tinha sido um presente para a sua irmã. o quadro lembrou a Francisca a dor de "O Grito".
a mulher representada está virada para o passado, numa mão segura o que poderá ser um diário e a inclinação do outro braço e da cabeça fazem subentender dor e sofrimento. as flores secas, viradas para o observador, podem representar um quotidiano árido. o corpo envolto num véu branco sugere que é uma dor escondida. o véu surge no topo do quadro e há uma luz difusa em frente da mulher e uma negridão para onde o rosto se inclina. tal como em "O Grito" é uma alma atormentada. agradeceram a caricatura, despediram-se e continuaram a passear. almoçaram num restaurante português, aconselhado por Fátima, manjar coroado por um pastel de nata. regressaram a casa para uma sesta. ao entardecer voltaram ao ginásio e uma meia-maratona. à meia-noite conversaram com a filha.
este desafio de escrita é inspirado no desafio fotográfico criado por Susannah Conway há mais de uma década. no The August Break cada dia há um tema para uma fotografia. o que proponho com o The October Break 2021 consiste em contarmos histórias que incluam as palavras cronologicamente. não há limite de palavras.
inscrevam-se nos comentários, para eu vos poder ler.
funciona assim: para cada história escolhemos uma, duas, três, ou cinco palavras da lista. e com elas escrevemos uma narrativa, uma descrição, ou um poema. não se esqueçam das hashtags: escrita criativa e The October Break 2021 e do link para este post.
as dez primeiras palavras são: janela; coração; turquesa; onde eu vivo; bicicleta; romance favorito; vidro; os meus olhos; cartas; alfazema