e se, de repente, o respondemos a um how are you e só nós pescámos a piada (as abelhas não voam quando chove) e vêmos que é um título fantástico para um blogue! pois.. cá estou então!
eu acredito que o universo é como uma praia. cada estrela, planeta, cometa, lua, tudo, tudo, tudo o que compõe o cosmo é um grão de areia. nós vivemos num grão de areia e se este desaparecesse da praia o universo ficaria incompleto. esta é a grandiosidade da nossa insignificância. eu acredito que o universo é como uma praia. cada estrela, planeta, cometa, lua, tudo, tudo, tudo o que compõe o cosmo é um grão de areia. nós vivemos num grão de areia e se este desaparecesse da praia o universo ficaria incompleto. esta é a grandiosidade da nossa insignificância.
O Grito é uma série de quatro pinturas do norueguês Edvard Munch. a obra representa uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero. o plano de fundo é a doca do fiorde de Oslo ao pôr-do-Sol. O Grito é considerado uma das obras mais importantes do movimento expressionista. no terceiro dia em Nova Iorque, Francisca e David vestiram-se com um rigor formal. David sonhava com este momento há anos. finalmente ia conhecer pessoalmente Leon Black com quem se correspondia há quase uma década. com pontualidade britânica, a limusine, enviada pelo magnata, chegou. o habitáculo não dava visibilidade para o exterior. tinham sido avisados de que seria assim, pois o senhor Black preserva a sua privacidade.
Munch pintou quatro versões de O Grito (duas em 1893, uma em 1895 e outra em 1910). três delas estão em museus na Noruega, enquanto a quarta estava nas mãos de Petter Olsen, um empresário norueguês cujo pai foi amigo e patrono de Munch, tendo adquirido inúmeros quadros ao artista. em 2 de Maio de 2012, a obra foi vendida através da Sotheby's pelo preço recorde de 119,9 milhões de dólares, tornando-se a obra mais cara de sempre em leilão. O Grito foi adquirido no leilão, por telefone, pelo americano Leon Black. o magnata de 70 anos, é membro do conselho do MoMA de Nova Iorque e possui uma considerável colecção de arte, que inclui pintores clássicos, impressionistas e expressionistas.
após quase duas horas de viagem chegaram ao destino. foram recebidos pela assistente pessoal de Leon Black, que os acompanhou pelas várias salas da mansão, revelando-se uma especialista com uma cultura geral riquíssima. era formada em belas artes e respirava história e pintura. Francisca e David estavam no céu, com tanta maravilha. chegados à sala dedicada a Munch a assistente ficou à porta, deixando-os mergulhar no trabalho do artista. O Grito estava no centro da sala, numa coluna de vidro selada e automatizada para preservar a obra da humidade. esta é a versão de 1895? indagou o casal emocionado, e a assistente anuiu. os jovens estavam deslumbrados. ao vivo tem uma força colossal! exclamou David com admiração.
Leon Black aguardava-os para um brunch delicioso. quando deram um aperto de mão David emocionou-se, expressando a sua gratidão pelo que lhes tinha proporcionado. o septuagenário sorriu-lhes. tinha o dom de intuir a verdade em cada pessoa e o jovem casal transmitia-lhe genuinidade. de certa forma era um mecenas da cultura geral de David e Francisca. o pai do jovem também era coleccionador, e enviara a 1ªedição de um jarro Bordallo Pinheiro para o casal presentear o magnata. este conhece o pai de David como conselheiro, quando há peças que podem interessar o senhor Black e que vão a leilão, o sogro de Francisca informa-o. David foi ganhando gosto pelos leilões na companhia do pai.
meia-noite em Nova Iorque, sete da tarde em Portugal, quando ligaram para dar beijinhos de bons sonhos à Mariana, David estava ansioso por contar ao pai todos os pormenores da magnificência e cortesia do magnata. Francisca leu uma história de encantar à filha. esta adormeceu antes do fim, mas a mãe continuou a ler, para Mariana adormecer profundamente com a sua voz no quarto. enquanto isso, pai e filho trocavam impressões sobre as vivências com o senhor Black ao longo dos anos. e as avós contavam a Francisca como, do alto dos seus cinco anos, a filha palmilhou dois quilómetros de areal, fizeram um picnic numa baía e, quando voltaram para a autocaravana, mesmo sonolenta, quis esperar pelo telefonema dos pais.
durante anos frequentaram a mesma esplanada. um dia levantaram-se os dois ao mesmo tempo. cruzaram o olhar. as almas reconheceram-se. sem uma palavra, caminharam um para o outro. e beijaram-se suavemente. saboreando os lábios um do outro. como quando se recorda o verdadeiro tocar. o universo envolveu-os numa espiral de luz. por uns minutos, só o toque era real. ela lembrou a mornura do coração quando se é amada. ele lembrou as borboletas no estômago de quando se ama. sorriram, olhos nos olhos. sem uma palavra, cada um seguiu o seu caminho. os dois com a alma plena e curada.
ela segurava os sacos das compras a custo, olhava o chão dado o esforço e as dores nas costas. ele caminhava veloz com o sol a bater-lhe nos olhos. na esquina ele quase a atropelou, mas segurou-a célere pela cintura. olharam-se nos olhos, prontos a pedir desculpa. mas um sorriso nasceu na troca de olhares. és tu! exclamaram. e deram um beijo apaixonado. tinham-se desencontrado tantas vezes, sempre com esperança no destino. ele segurou-lhe os sacos e ofereceu-se para a levar a casa. então, e o que te fazia correr não é importante? indagou preocupada. deixou de ser, respondeu-lhe sorrindo.