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a mornice da brisa, o embalar do mar: pura Paz. o cheiro a sal misturado com o do protector solar. o areal inteiro só para nós. anos setenta. o Alentejo ainda não tinha sido descoberto a não ser pelos alentejanos. nós os cinco e a doçura da Ilse. quando fazíamos bolas de areia molhada e as atirávamos umas às outras a cadela dava saltos incrivéis no ar para as apanhar e depois ficava com diarreia por comer tanta areia. tonta. mas era Paz. o magnífico pão. uma das vacas do monte subiu a colina entrou-nos tenda adentro, rasgou o saco do pão e comeu tudo. em santa Paz. os dias a apanhar amoras silvestres. à noite fechávamos os olhos e só víamos amoras. a minha mãe fazia compota e oferecíamos aos amigos do monte e comíamos barrada no magnífico pão. pouco sobrava para trazer para casa. apesar disso, valia sempre a pena. ao final do dia acartávamos baldes de água da nascente, para um duche bem fresquinho. éramos só nós e os do monte. por um mês, o resto do mundo desaparecia. nós vivíamos numa imensidão de Paz indescritível. pura bênção.
alicealfazema anita bii yue bruxa mimi catarina
charneca em flor cheia fatia mor humorosa
imsilva isa nascimento josé da xã jules just smile
mafalda maribel maia mel mga miguel mjp mula
nala olga cardoso pinto rute totó v de viver
a querida Nala guardou este dia para publicar a minha participação no seu Calendário de Advento. é uma honra que me preenche de gratidão. é a celebração do meu Natal convosco, a minha família de afectos. VÃO AQUI para perceber porquê. obrigada Nala por esta prenda tão mágica.
INGREDIENTES
175gr becel magra + 1 c chá de raspa de limão + 1 requeijão normal + 250gr farinha + 50gr açúcar + 1 ovo + 1 c chá de fermento + 125gr sultanas + 2-3 c de sopa leite
óleo para fritar
EXECUÇÃO
bater a margarina com o açúcar, a raspa de limão e o ovo. adicionar a farinha e o fermento.
à parte, com as mãos, desfazer o requeijão com as sultanas e o leite. misturar tudo.
fazer bolinhas e fritar. elas crescem um pouco. dar espaço.
a querida Olga Cardoso Pinto estreou-se nos desafios numa época que fala ao paladar. o desafio consiste em partilharmos a receita mais original para um doce de Natal. a minha são estes sonhos. aceitas o desafio?
CONTO E ILUSTRAÇÃO DA GENEROSA OLGA CARDOSO PINTO
Era uma vez um menino que se acercou do avô e lhe perguntou o que era a Paz. O idoso conhecedor da guerra que os Homens fazem pelo poder e pelo domínio, respondeu de olhar doce bebendo a expressão do neto:
— Sabes meu pequeno, a Paz é muito mais do que não haver guerras. A Paz é como uma árvore…
— Uma árvore, avozinho? Como assim?
— Sim uma árvore. A árvore antes de o ser terá de ser semeada. A semente lançada à terra, para germinar terá de ser cuidada em bom solo, com luz e água, mas isto só não chega…terá também de ser muito acarinhada com constantes cuidados, mesmo quando já for uma árvore majestosa para que não perca o viço e a vida. Assim, será uma árvore frondosa onde possa abrigar na sua sombra muita gente, animais e outras árvores.
— Ahhh! E mais avozinho?
O velho sorriu prevendo que a conversa não ficaria por ali. Então prosseguiu:
— A Paz também reside em cada um de nós, sabes? — face ao espanto que se formava nos olhos da criança, colocou o dedo indicador no tenro peito, mesmo onde batia o seu pequeno coração. — Sim…reside aqui. Deverá germinar, assim como a árvore, em todos os corações.
O rapazinho arregalou ainda mais os olhos por tal revelação:
— Mas como pode isso ser?
— Oh sim, pode. Quando te deitas à noite e adormeces feliz, sem pesadelos ou preocupações que te consumam? Isso é Paz. Quando no final do dia sentes que te superaste na tarefa ou não causaste nenhum mal contra um amigo ou familiar, contra ti próprio ou à natureza e aos animais? Isto também é Paz…e sabes meu pequeno, aquela calma que sentes quando o teu ser está preenchido de felicidade? Isso é a Paz.
A criança suspirou e de sorriso preso na boca rosada, abraçou o avô e assim se deixou ficar por longos momentos.
— Sabes avozinho? Acho que oiço a Paz aqui no teu coração! Ouvi-lo assim a bater tão forte como um tambor contra o meu, faz-me sentir feliz e ser feliz é ter Paz!
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